Está aí um livro com um baita spoiler no título, mas provavelmente isso você já percebeu, não é mesmo?
Este é um daqueles livros nos quais saber o final não altera em nada a experiência, pois o que realmente importa é a jornada dos heróis.
E que heróis hein.. Heróis na acepção mais bonita da palavra. Heróis comuns, que salvam um ao outro e a si mesmos.
Nesta delicada estória, Mateo e Rufus recebem o alerta da Central da Morte informando que lhes resta apenas um dia de vida. Daí surge o paradoxo – ou seria antítese? – mais bonito(a) de todo os tempos: como viver no dia da sua morte?
Logo nas primeiras páginas você já sabe que eles morrerão – ops, logo ao ler o título você já sabe disso – o que gera um certo distanciamento dos personagens. Mas essa sensação dura pouco tempo. Inclusive o autor brinca com isso ao apresentar uma funcionária da central da morte que por saber que as pessoas estão fadadas é fria e distante ao dar a notícia aos “terminantes”. Nesse momento, caso você esteja se sentindo desconectada dos personagens toma logo um balde de água fria na cabeça e pensa: caramba estou me comportando igual a essa mulher sem coração?
E assim o autor vai brincando com nossa cabeça e nosso coração ao longo do livro.
Mateo o Rufus não viviam, apenas existiam. Um tinha medo de viver, o outro raiva por ter sobrevivido ao acidente que acabou com sua família (aqui, diferente do autor vou te poupar de spoiler, leia e saberá quem tinha medo e quem tinha raiva de viver). Mas ambos teriam de enfrentar o último dia de suas vidas.
Nesse último dia aprendem a viver juntos. Viveram mais em um dia do que tinham vivido seus 17/18 anos. Aprenderam juntos a superar seus medos e traumas. Riram, choraram, amaram se despediram… E deixaram uma bela lição para nós relés mortais sem Central da Morte, quando vamos começar a viver?
Ponto positivo para o livro: Mais ou menos pela metade você acha que sabe como os personagens irão morrer, mas isso é só uma “trollagem” do autor, apenas um recurso para você ficar desesperado achando que tudo vai acabar e então ficar feliz porque eles sobreviveram e tem mais tempo juntos e depois ficar desesperado de novo porque sabe que eles eventualmente irão morrer. Tal tática te deixa preso ao livro, o que torna a leitura extremamente fluida e atrativa.
Ponto negativo: Mais ou menos pela metade do livro você fica desesperado e triste para caramba porque o tic tac do relógio nunca soou tão cruel…
Infelizmente Rufus e Mateo se deram conta tarde demais de que não estavam vivendo da forma como gostariam de viver. Se deram conta por causa do alerta. Mas nós não temos quem nos alerte…
Mateo e Rufus nos inspiram a começar hoje a viver… Fazer, falar o que quisermos sem amarras. Precisamos nos permitir viver enquanto temos tempo.
É amigos, carpe diem, pois este pode ser o último.