V encontro da luta antimanicomial da PUC-Rio, e o “eletrochoque”

Hoje assisti ao primeiro dia do evento da V Luta antimanicomial da PUC-Rio.

O evento em si foi interessante. Nos exprememos no auditório de concreto, comparecendo mais gente do que inicialmente parecia que iria haver.

Os convidados deram seu relato, e foi aberta a interação com o público.

A banca continuou falando, e então uma coisa me incomodou…

A demonização do “eletrochoque”.

“Tortura” foi a palavra do momento.

Como podem os psiquiatras prescreverem um tratamento tão bárbaro?!

Vamos lá… Eu sei, por experiência própria, que o E.C.T. (Eletroconvulsoterapia) não é este instrumento de sadismo que pintam dele. É um recurso a ser utilizado em casos extremos? Sim. No entanto, hoje em dia é feito sob anestesia, sendo super efetivo e apresenta resultados rapidamente.

Eu fui próximo de uma pessoa que passou pelo procedimento. E em duas sessões cessaram as crises pela qual estava passando. O principal efeito negativo foi uma perda de memória, que voltou com o tempo. E a crise, que não era pouco coisa (como disse, a recomendação é para casos extremos), acabou.

Você também ouviu falar que o “eletrochoque” é usado como tortura? Pois podem não estar errados… Mas a pessoa errada atrás do volante de um carro pode transformá-lo em uma arma. A mesma faca, que na mão de um cozinheiro gera pratos maravilhoso, vira uma arma letal nas de um assassino.

Não acredito que em Barbacena tenham usado a eletricidade com fins terapêuticos, e sim com o teor que os palestrantes atribuem a ele. Mas demonizar o tratamento como se não pudesse surtir bons resultados se feito da forma correta…

E sim, antes que me venham falar, este é um artigo de opinião. Não fiz uma extensiva pesquisa nem vou (por hora) publicar nenhum artigo científico. Falo com base nas minhas experiências, relatos da comunidade de pessoas com problemas psiquiátricos (da qual me incluo), e de profissionais da área da saúde em quem confio.

Se algum dia eu me encontrasse num quadro grave e resistente de crise, baseado nas experiências que tive, eu não teria dúvidas em me submeter ao procedimento.

Curso psicologia, então é óbvio que a abordagem que privilegio é outra. Mas, na pele de alguém que sabe o que é desespero, demonizar uma esperança é que me parece bárbaro.